A alfabetização e o letramento são etapas essenciais no desenvolvimento cognitivo de uma criança. À medida que os alunos avançam no Ensino Fundamental, é esperado que suas habilidades de leitura e escrita se consolidem, permitindo que se expressem de maneira clara e eficaz.
Dentro desse processo, um dos componentes mais importantes é o entendimento das relações entre os sons da fala (fonemas) e as letras que usamos para representá-los na escrita (grafemas).
No quinto ano, os estudantes já estão familiarizados com a maioria das regras ortográficas básicas, mas ainda precisam de práticas que solidifiquem sua compreensão de como os fonemas e grafemas se relacionam, especialmente quando essas relações não seguem um padrão previsível.
A habilidade EF05LP01 da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) visa porporcionar essa proficiência ao focar no grafar correto de palavras usando as regras de correspondência fonema-grafema, tanto regulares quanto irregulares.
Esta atividade foi projetada para oferecer aos alunos a oportunidade de praticar e aprofundar seu conhecimento sobre as regras de correspondência fonema-grafema, identificando as regularidades e as exceções que fazem parte da ortografia da língua portuguesa.
A seguir, apresentamos uma atividade estruturada que será uma valiosa adição ao processo de ensino-aprendizagem, auxiliando os alunos a compreenderem melhor como os sons da fala se transformam em palavras escritas.
Conceito de Fonema e Grafema
Antes de mergulhar diretamente na atividade, é essencial rever os conceitos de fonema e grafema com os alunos. Como essas duas noções são centrais para a atividade, proporcionar que todos os alunos compreendam suas definições e suas aplicações práticas é um primeiro passo crucial.
Fonema: O fonema é a menor unidade sonora de uma palavra. Ele é o som que pronunciamos quando falamos. Por exemplo, na palavra “sol”, temos três fonemas: /s/, /o/ e /l/, que são os sons que ouvimos ao pronunciar a palavra. Já na palavra “gato”, os fonemas são /g/, /a/, /t/ e /o/.
Grafema: O grafema, por outro lado, é a menor unidade da escrita que usamos para representar os fonemas. Cada som que falamos (fonema) é representado por uma letra ou grupo de letras (grafema). Usando o mesmo exemplo, na palavra “sol”, os grafemas são s, o e l, que correspondem diretamente aos fonemas. No entanto, às vezes um fonema pode ser representado por mais de uma letra, como acontece em palavras como “chuva”, onde o som /x/ é representado pelo grafema “ch”.
Ao entender essa relação entre fonema e grafema, os alunos começam a desenvolver uma consciência fonológica mais apurada, o que lhes permite não apenas reconhecer as palavras escritas com mais facilidade, mas também melhorar sua produção escrita.
Correspondência Regular e Correspondência Irregular
Na língua portuguesa, a correspondência entre fonemas e grafemas pode ser regular ou irregular. Isso significa que, enquanto algumas palavras seguem um padrão previsível de escrita, outras palavras apresentam exceções, onde o som (fonema) que ouvimos não é representado pela letra que normalmente esperaríamos.
Correspondência Regular
A correspondência regular ocorre quando o som que ouvimos (fonema) corresponde diretamente à letra ou conjunto de letras que o representam (grafema). Isso torna a grafia dessas palavras previsível e fácil de memorizar.
Por exemplo, na palavra “pato”, o som /p/ é representado pela letra “p”, o som /a/ pela letra “a”, e assim por diante. Esse tipo de correspondência é considerado regular porque não há surpresa ou exceção na relação entre o som e a escrita. Outras palavras que seguem esse padrão incluem “gato”, “sol”, “faca”, e “livro”. Todas essas palavras são exemplos de correspondência regular, pois seus fonemas têm uma correspondência clara e direta com os grafemas.
Correspondência Irregular
A correspondência irregular, por outro lado, ocorre quando o som (fonema) de uma palavra não é representado pela letra que esperaríamos. Isso significa que a grafia da palavra pode ser mais difícil de prever e exige que os alunos memorizem a forma correta de escrevê-la.
Um exemplo comum de correspondência irregular é a palavra “exame”, onde o som /z/ é representado pela letra “x”. Em uma correspondência regular, esperaríamos que o som /z/ fosse escrito com a letra “z”, mas, neste caso, a letra “x” é usada para representar esse som. Outras palavras que seguem esse padrão de irregularidade incluem “chuva”, onde o som /x/ é representado por “ch”, e “fazenda”, onde o som /z/ é representado pela letra “z”, em vez de “s”.
Essas irregularidades tornam a escrita de algumas palavras um desafio maior, e os alunos precisam aprender essas palavras por meio da prática e memorização, uma vez que as regras comuns de correspondência fonema-grafema não se aplicam a elas.
Objetivos da Atividade
A atividade tem como principal objetivo ajudar os alunos a identificar e aplicar as regras de correspondência fonema-grafema, tanto em palavras regulares quanto irregulares. Isso envolve:
Reconhecer e aplicar a correspondência entre fonemas e grafemas em palavras de uso comum.
Diferenciar palavras com correspondência regular daquelas com correspondência irregular.
Escrever corretamente palavras que apresentam esses dois tipos de correspondência, utilizando o conhecimento das regras gramaticais e ortográficas.
Desenvolver a habilidade de revisar a escrita, reconhecendo quando uma palavra segue um padrão regular ou quando é necessário memorizar sua grafia irregular.
Desenvolvimento da Atividade
A atividade proposta é composta por três etapas principais, cada uma com foco em diferentes aspectos do aprendizado de correspondência fonema-grafema.
1. Apresentação Inicial: Introdução aos Conceitos de Fonema e Grafema
Na primeira etapa da atividade, o professor deve introduzir ou revisar os conceitos de fonema e grafema com os alunos, conforme descrito anteriormente. Esse momento inicial é importante para nivelar o entendimento de toda a turma, garantindo que os alunos compreendam as diferenças entre fonema e grafema.
O professor pode iniciar a aula com uma discussão, perguntando aos alunos se eles já ouviram falar sobre essas duas palavras. A partir daí, ele pode usar exemplos simples no quadro para ilustrar como os fonemas são representados por grafemas. Uma boa prática é pedir que os alunos falem algumas palavras em voz alta e, em seguida, identifiquem os sons (fonemas) que ouvem e as letras (grafemas) correspondentes.
Após essa introdução, o professor pode mostrar a diferença entre a correspondência regular e a irregular. Ele pode, por exemplo, escrever a palavra “sol” no quadro e pedir que os alunos identifiquem os fonemas e os grafemas correspondentes. Em seguida, pode fazer o mesmo com a palavra “exame”, destacando como o som /z/ é representado pela letra “x”, uma correspondência irregular.
2. Atividade de Classificação
Na segunda etapa, os alunos receberão uma lista de palavras que incluem exemplos tanto de correspondência regular quanto irregular. Eles deverão classificar essas palavras em dois grupos: um para correspondências regulares e outro para correspondências irregulares.
Exemplos de palavras com correspondência regular:
- Gato
- Sol
- Faca
- Pato
- Livro
Exemplos de palavras com correspondência irregular:
- Exame (som /z/ representado por “x”)
- Chuva (som /x/ representado por “ch”)
- Fazenda (som /z/ representado por “z”)
- Tóxico (som /ks/ representado por “x”)
Os alunos deverão trabalhar em grupos ou individualmente, identificando quais palavras seguem padrões previsíveis e quais não seguem. Esse exercício os ajudará a se familiarizar com as exceções da língua portuguesa, além de praticarem a grafia correta das palavras.
3. Completar Lacunas com a Grafia Correta
A última parte da atividade envolve um exercício prático de completar lacunas. O professor distribuirá uma folha com várias palavras incompletas, e os alunos deverão preencher as lacunas com as letras correspondentes, levando em consideração as regras de correspondência fonema-grafema.
Exemplos de palavras incompletas:
- ____ATO (Gato)
- LI____O (Livro)
- BE____IGA (Bexiga)
- CA____A (Casa)
- GA______AFA (Garrafa)
Essa etapa final reforça o aprendizado, exigindo que os alunos apliquem o que aprenderam sobre correspondência regular e irregular de maneira prática.
A Importância da Prática Constante, Revisão e Expansão do Vocabulário
Após a realização das atividades de classificação de palavras e preenchimento das lacunas, o próximo passo é realizar uma revisão detalhada dos resultados com os alunos. Esse momento de correção coletiva é fundamental para proporcionar que os conceitos de correspondência fonema-grafema, tanto regular quanto irregular, sejam plenamente compreendidos. Durante essa revisão, o professor deve destacar os pontos principais da atividade, explicando claramente por que algumas palavras seguem regras previsíveis, enquanto outras apresentam exceções.
Um dos pontos centrais dessa etapa é proporcionar que os alunos compreendam que as palavras com correspondência irregular não seguem um padrão lógico direto e, por isso, exigem atenção especial e memorização. O professor pode utilizar exemplos do cotidiano dos alunos, introduzindo novas palavras que eles encontrarem no dia a dia para ilustrar esses conceitos. Quanto mais conectada a prática estiver com a realidade dos alunos, mais significativa será a aprendizagem.
Além disso, é importante que o erro seja visto como uma oportunidade de aprendizado. Ao revisar as atividades, o professor deve incentivar os alunos a refletirem sobre seus erros e dificuldades, ajudando-os a entender onde e por que erraram. Isso não apenas corrige a grafia, mas também desenvolve uma habilidade crítica nos alunos, estimulando-os a questionar e revisar suas próprias produções textuais. Esse processo de autocorreção é um dos passos mais importantes para a alfabetização plena e para o domínio das regras ortográficas da língua portuguesa.
A prática contínua também é essencial. Atividades como esta devem ser realizadas de maneira recorrente ao longo do ano letivo. Cada nova prática deve introduzir variações e complexidades maiores, com novas palavras e contextos de uso que desafiem o conhecimento dos alunos. O professor pode, por exemplo, adicionar palavras que possuam múltiplas possibilidades de correspondência ou que tenham sons semelhantes, mas grafias diferentes, como em “sessão”, “seção” e “cessão”. Essas variações ajudam a solidificar o entendimento das correspondências irregulares e aumentam a consciência ortográfica dos alunos.
Outro aspecto que pode ser trabalhado em atividades futuras é o aumento do vocabulário dos alunos. Ampliar o repertório de palavras é uma forma eficiente de proporcionar que as crianças estejam preparadas para lidar com as inúmeras exceções presentes na língua portuguesa. Uma estratégia eficiente é a criação de listas temáticas de palavras, como nomes de objetos, animais, profissões e lugares, e estimular os alunos a identificarem quais dessas palavras possuem correspondência regular ou irregular.
O uso de ferramentas digitais também pode ser um excelente aliado no processo de ensino-aprendizagem. Existem diversos softwares educativos e plataformas online que oferecem jogos interativos, atividades de correção automática e desafios de ortografia, que tornam o aprendizado mais dinâmico e divertido. Ferramentas como essas permitem que os alunos pratiquem as regras ortográficas de maneira lúdica, além de oferecerem feedback instantâneo, o que ajuda a fixar o conteúdo.
Além disso, o uso da tecnologia oferece a oportunidade de individualizar o aprendizado. O professor pode indicar atividades específicas para alunos que apresentam mais dificuldades, permitindo que eles reforcem as áreas que precisam de maior atenção. Essa abordagem personalizada é particularmente útil em salas de aula onde há diferentes níveis de desenvolvimento entre os alunos.
Por fim, é importante que o professor incentive o hábito da leitura entre os alunos. A leitura frequente de livros, revistas e textos diversificados é uma das maneiras mais eficazes de internalizar as regras ortográficas da língua. Ao ler, os alunos são constantemente expostos a palavras com correspondência regular e irregular, o que contribui para o aumento de sua familiaridade com as palavras e suas grafias. Incentivar a leitura não apenas ajuda no domínio da ortografia, mas também expande o vocabulário, melhora a compreensão textual e desenvolve o gosto pela aprendizagem.
Conclusão
A prática constante de atividades de grafar palavras com correspondência fonema-grafema, como a proposta nesta atividade, é fundamental para que os alunos do quinto ano do Ensino Fundamental consolidem suas habilidades de leitura e escrita. A combinação de atividades práticas, revisões coletivas, o uso de tecnologia e o incentivo à leitura forma uma base sólida para que os alunos superem os desafios ortográficos da língua portuguesa.
Ao aprender a correspondência fonema-grafema, os alunos não apenas melhoram sua escrita, mas também desenvolvem uma maior autonomia em seu processo de aprendizagem, tornando-se leitores e escritores mais competentes e confiantes. Esse é um passo essencial no caminho da alfabetização plena e na formação de cidadãos capazes de se expressar de forma clara e eficaz.
A seguir você pode conferir imagens da atividade proposta e ao final do post você pode baixar o arquivo da atividade:
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